Quando este sintoma vira preocupação? A anemia é uma complicação comum associada ao mieloma múltiplo (MM), um tipo de câncer…
Mieloma múltiplo: quando o transplante autólogo é indicado?
Procedimento é importante opção para o controle da doença
O transplante de medula óssea autólogo pode ser indicado para o tratamento do mieloma múltiplo, seja este primário ou recidivado. Tudo irá depender da condição clínica do paciente. Vem entender como tudo acontece!
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que tem início na medula óssea, órgão responsável pela fabricação das células sanguíneas. No momento em que os linfócitos (células de defesa) se diferenciam para, então, tornarem-se plasmócitos (produzem anticorpos), ocorre uma alteração e passam a ser produzidos plasmócitos anormais. Estes plasmócitos defeituosos se acumulam na medula óssea, não exercem sua função corretamente e ainda atrapalham o funcionamento das células saudáveis.
A principal função dos plasmócitos é produzir as imunoglobulinas, que defendem o corpo contra vírus e bactérias. Porém, plasmócitos anormais se multiplicam produzindo imunoglobulinas, que não conseguem exercer suas funções de proteção, formando um amontoado de proteínas “bagunçadas” do mesmo tipo, as chamadas proteínas monoclonais ou Proteína M.
Atualmente, o mieloma múltiplo é um dos tipos de câncer hematológicos que mais vem recebendo novas opções terapêuticas, mas o transplante de medula óssea autólogo continua sendo importante indicação para controle da doença.
TMO autólogo para controle do mieloma múltiplo
Ao diagnóstico, a depender das condições clínicas do paciente, iniciaremos um tratamento quimioterápico de indução prévio ao transplante. O objetivo do tratamento de indução é eliminar ou diminuir a doença.
Para isso, as células-tronco do próprio paciente são coletadas por meio de uma veia ou por meio de coleta direta da medula óssea em ambiente especial, e depois são armazenadas. Em alguns centros de tratamento as células são congeladas (criopreservação) e outros serão transplantadas a fresco.
Condicionamento – Após a coleta e criopreservação, o paciente é submetido a um regime de quimioterapia em altas doses, chamado de condicionamento, que tem o intuito de diminuir (se ainda houver) o número de plasmócitos doentes e preparar a medula para receber essa nova medula.
Transplante – Após a quimioterapia, as células-tronco do paciente previamente coletadas são infundidas no próprio paciente, por meio de infusão intravenosa (parecido com uma transfusão de sangue).
Pega da medula – Quando a medula óssea começa a funcionar novamente (geralmente em torno de 2-3semanas após a infusão) pode-se dizer que houve a pega da medula, ou seja, o transplante obteve sucesso e a medula voltou a funcionar perfeitamente. Ainda assim, o monitoramento médico continua sendo essencial, pois mesmo após um ano do procedimento, pode aparecer alguma complicação tardia. A alta hospitalar só será possível no momento em que a medula óssea estiver funcionando bem, ou seja, produzindo as células do sangue em quantidades que protejam o paciente contra infecções e hemorragias.
Pós-Transplante – Nesta fase ocorre a aplasia medular, período de queda do número de todas as células do sangue. Nos 100 primeiros dias após o transplante de medula óssea, o paciente fica mais predisposto a infecções (devido a neutropenia) e passa a receber inúmeros antibióticos, além de medicamentos que estimulam a produção dos glóbulos brancos. Neste período, se perceber o surgimento de febre, calafrios, mudança no aspecto das fezes e da urina, enjoos, dores e sangramentos, é importante falar para o médico.
É possível que em alguns casos sejam recomendados fazer dois transplantes autólogos, o chamado “transplante tandem”. Estudos indicam que a abordagem pode ser mais efetiva em casos selecionados.
TMO no mieloma recidivado e refratário
No mieloma múltiplo, a expressão “refratário” acontece por conta da presença e/ou persistência da doença após o tratamento proposto, e nesses casos, se o paciente tinha sido submetido ao TMO, ser novamente exposto ao transplante não deve ser o caminho.
Já a “recidiva” ao tratamento acontece pelo reaparecimento da doença após um tratamento que o paciente conseguiu uma reposta a estratégia aplicada. Neste cenário de recidiva, o transplante autólogo pode ser opção, mas vai depender do tratamento prévio, do tempo alcançado até a nova recidiva e disponibilidade/acesso a novas drogas.
Importante lembrar que existem diferentes novas opções terapêuticas para o mieloma! Veja mais nas matérias abaixo:
https://drbrenogusmao.com.br/destaque/mieloma-multiplo-refratario-e-recidivado/
https://drbrenogusmao.com.br/destaque/car-t-cell-e-aprovada-no-brasil-para-mieloma-multiplo/
Parabéns Dr. Breno
Sou portador de mieloma multiplo.
gostei dos assuntos abordados.