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Você sabe o que são Cuidados Paliativos?

Pacientes que recebem este tipo de acolhimento têm maior tolerância ao tratamento oncológico

Falar sobre Cuidados Paliativos, por um bom tempo, foi considerado um tabu para muitos. Isso porque este serviço de saúde teve seu início focado em pessoas que estavam em extremo sofrimento e com doença grave, sem mais opções de tratamento.

Mas este conceito vem mudando. De acordo com a Dra. Christiane da Silva Pinto, médica, diretora científica da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e integrante da Unidade de Cuidado Paliativo do HC IV, do INCA, hoje já é sabido que qualquer paciente com doença ameaçadora de vida é um paciente que se beneficiará de Cuidados Paliativos.

Inclusive, atualmente, a indicação é que estes cuidados sejam introduzidos desde o diagnóstico do câncer, por exemplo.

“Já está mais do que provado na literatura mundial que pacientes em contato precoce com os Cuidados Paliativos têm maior tolerância ao tratamento oncológico, que pode ser bastante agressivo”, explicou a médica.

Quais são os Cuidados Paliativos?

Quando um paciente recebe o diagnóstico de uma doença grave, como o câncer, o correto é logo entrar em Cuidados Paliativos. Isso significa que uma equipe, formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, voluntários, capelães, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre outros, passará a atuar para que os melhores resultados no tratamento aconteçam.

“O foco principal será na qualidade de vida e no controle de sintomas, e tudo isso feito por uma equipe interdisciplinar. Serão, portanto, oferecidos controle de sintomas físicos, como dor, dispneia, vômitos. Controle dos sintomas psíquicos, como ansiedade, depressão. Os cuidados espirituais devem ser olhados, por meio da capelania, e os sociais também, com auxílio aos direitos e benefícios aos quais o paciente deve ter acesso”, fala a Dra. Christiane.

Pacientes terminais X Pacientes com bom prognóstico

Como vimos, os Cuidados Paliativos visam a todos os pacientes, independente do estadiamento da doença e das respostas ao tratamento. O objetivo principal é trazer bem-estar.

Agora, as incumbências da equipe multiprofissional podem, sim, ser diferentes em um paciente terminal ou naquele paciente que tem apresentado bons resultados no tratamento.

“Essa é uma situação que irá variar de como a doença está no momento do diagnóstico ou durante o tratamento, já que é possível que pacientes descubram uma doença já em estágio bastante avançado. Mas, normalmente no início da doença, eles se beneficiarão mais do tratamento ativo e os Cuidados Paliativos entrarão como um suporte de controle de sintomas, para que as medicações sejam menos desconfortáveis. Conforme a doença avança, o paciente será cada vez mais visto e cuidado pela equipe de Cuidados Paliativos do que por médicos do tratamento ativo. Paciente em processo ativo de morte, ou últimos dias de vida, serão vistos exclusivamente pelo paliativista, focando sempre no conforto para evitar o sofrimento”, diz a médica.

Cuidados Paliativos = Humanização no tratamento?

Há alguns anos, a humanização no tratamento passou a ser pauta central em diversos debates sobre saúde. A razão para isso é essencial: o paciente não deve ser visto apenas como alguém que está ali para receber uma medicação ou fazer exames. É preciso enxergá-lo como um todo, sempre pensando que ali há uma pessoa que tem sentimentos, família, crenças, vivências culturais e sociais individuais.

Mas, os Cuidados Paliativos devem ser considerados uma modalidade técnica complexa. “E apesar de humanizada, não pode ser minimizada à humanização na Oncologia, uma vez que perpasse o grupo de pacientes oncológicos, estendendo-se à várias doenças ameaçadoras da vida”, enfatiza a Dra. Christiane.

Unidades de Cuidados Paliativos

Os Cuidados Paliativos costumam ser oferecidos nos centros de tratamento em que o paciente está inserido. Existem também as Unidades de Cuidados Paliativos, muitas vezes também chamadas de Hospice. Mas a Dra. Christiane faz um alerta:

“Hospice não é um lugar. É um conceito de prestação de cuidados de saúde para aqueles que lidam com doenças que limitam a vida. Hospice concentra-se em criar uma experiência de fim de vida natural e confortável para aqueles confrontados com uma condição terminal. Esta é a filosofia dos Cuidados Paliativos, se assim pudéssemos definir. Entretanto, muitos locais onde se cuida de pacientes com esse perfil, recebem esse nome, o que pode, claro, confundir”.

Por Tatiane Mota

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