Aliada ao tratamento, traz qualidade de vida e melhores resultados clínicos O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que…
Interação medicamentosa: você já ouviu falar?
Alguns alimentos podem prejudicar os efeitos do tratamento oncológico
A maioria dos cânceres terá como parte do tratamento o uso de diferentes tipos de medicamentos, como os quimioterápicos, anticorpos monoclonais, antibióticos. E para que os resultados clínicos sejam positivos, além de seguir corretamente a indicação do médico, é preciso ter cuidado com o que se come. A interação medicamentosa, por meio dos alimentos, pode gerar efeitos impactantes aos pacientes oncológicos. Vem entender!
Interação medicamentosa
Esse evento clínico pode ocorrer com a interferência entre medicamento-medicamento, medicamento-alimento ou medicamento-drogas (álcool, cigarro e drogas ilícitas). Ou seja, a depender do medicamento, caso seja ingerido junto com um ou mais desses itens, é possível que a absorção, ação ou eliminação não seja eficaz.
E você pode estar se perguntando: mas até os alimentos atrapalham a ação de um remédio? Sim, eles podem atrapalhar. Isso porque o consumo de alimentos pode afetar o funcionamento do sistema digestório, levando a alterações na secreção biliar e enzimática, aumento ou diminuição do tempo de esvaziamento gástrico, alterações na motilidade intestinal e no fluxo sanguíneo.
Diante disso, a biodisponibilidade de alguns medicamentos pode ser alterada, ocasionando aumento, redução ou demora na absorção, levando à falha no tratamento ou a um elevado risco de efeitos colaterais. Alguns alimentos, como leite, também têm a capacidade de encapsular as moléculas dos medicamentos, impedindo com que eles exerçam suas atividades no organismo. Esse processo é conhecido por quelação.
Chás x medicamentos
Eles parecem inofensivos, afinal, são ervas infusionadas em água. Mas, dos variados benefícios que carregam, quando se trata de ingeri-los juntamente com um medicamento, a história muda.
Os produtos naturais, como os chás, também podem alterar a absorção de alguns medicamentos. A camomila, em doses elevadas, pode provocar paralisia dos músculos do aparelho digestivo. O boldo, pode aumentar a ação de medicamentos anti-hipertensivos, por exemplo. Já o funcho, potencializa o efeito do antibiótico Ciprofloxacina. O guaco, por sua vez, reduz a ação de anticoagulantes e a cáscara-sagrada pode causar alterações no funcionamento do intestino.
E Erva de São João deve ser evitada, pois ela pode diminuir os efeitos de alguns tipos de quimioterápicos. O chá verde, que por muito tempo esteve associado à cura milagrosa do câncer, também exige cuidados. Se tomados em doses pequenas, de fato não farão mal ao paciente. Mas em excesso, especialmente seu extrato, pode comprometer o efeito de alguns medicamentos antineoplásicos.
Sal e álcool também não são aliados dos remédios
Com relação aos quimioterápicos, a restrição de alimentos vai variar conforme os efeitos colaterais que o paciente apresentar e conforme a particularidade de cada medicamento.
Antibióticos, de maneira geral, mexem com funcionamento intestinal, assim deve-se evitar alimentos ricos em fibras ou gordurosos. Já em caso de corticoides, alimentos ultraprocessados e o uso de sal em excesso devem ser evitados.
Já as bebidas alcoólicas aumentam a eliminação do medicamento pelo corpo, diminuindo seu efeito. Elas também podem gerar uma sobrecarga no fígado, já que a bebida e o medicamento serão metabolizados nesse mesmo órgão.
Imatinibe x Toranja
Pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) têm o Imatinibe como um de seus principais tratamentos, com excelentes respostas, possibilitando uma vida normal e livre da doença. Esse medicamento atua nos processos de proliferação e apoptose celular das células leucêmicas. No entanto, como é um comprimido para uso oral, necessita ser absorvido pelo trato gastrintestinal para poder agir. E, depois, para ser eliminado, depende de vários processos metabólicos que acontecem majoritariamente no fígado.
A grapefruit (toranja) é um agente que inibe o metabolismo do CYP3A, uma enzima presente no intestino e fígado que participa também do mecanismo de absorção e metabolização do medicamento. Recomenda-se cautela ao administrar imatinibe junto com inibidores potentes do CYP3A4, pois eles podem levar ao aumento das concentrações plasmáticas do fármaco e esse tipo de interação aumenta o risco de ocorrência de efeitos adversos. Portanto, evite consumir suco de toranja e outros alimentos que inibem o CYP3A4 enquanto estiver tomando imatinibe.
O que fazer para não ter uma interação medicamentosa?
O primeiro passo é sempre conversar com um nutricionista, para entender quais os alimentos que devem ser ingeridos ao longo da jornada terapêutica. Os farmacêuticos oncológicos também podem ser acionados a qualquer dúvida. E, claro, o especialista que acompanha todo o tratamento deve estar por dentro dos medicamentos e alimentos que vêm sendo ingeridos.
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