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Exames de imagem para o mieloma múltiplo, linfomas e leucemias
Conheça quais os mais indicados para o diagnóstico e acompanhamento destes cânceres
Por Anna Carolina Borges da Silva, médica nuclear da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Os exames de imagem são ferramentas importantíssimas na prática médica geral e na Onco-Hematologia não poderia ser mais verdade.
Eles auxiliam o hematologista a diagnosticar lesões, determinar a extensão de uma doença e fazer avaliação após o tratamento, bem como seu seguimento e pesquisa de recidiva, ou seja, retorno da doença, quando há suspeita clínica.
Existem exames de diversos tipos, com finalidades, tempo de duração e custo diferentes. Alguns precisam de preparo, outros apresentam exposição à radiação e precisam da utilização do meio de contraste.
Antes de falar um pouco sobre os principais exames de imagem solicitados na Onco-Hematologia, é importante ressaltar alguns aspectos:
- Cada exame tem uma finalidade específica. O seu hematologista vai escolher o exame que se aplica melhor ao seu caso;
- Os exames têm graus de complexidade diferentes: uns têm relatórios mais fáceis de fazer outros mais difíceis;
- Na hora de escolher o local da realização do seu exame, procure serviços de confiança, que tenham bons médicos e que cuidem de seus equipamentos. Não escolha apenas pela aparência. O seu hematologista poderá te ajudar nessa escolha;
- Quando for retirar o resultado, procure olhar o laudo junto com seu médico. Exames sempre geram ansiedade, o que é normal, mas o não entendimento dos termos técnicos contidos nos laudos pode ser bem pior. O seu hematologista poderá te explicar o resultado e te tranquilizar.
Radiografia simples
O que é:
Também popularmente chamado de “raio X”, é um exame de imagem simples que utiliza a emissão de um feixe de raios X (uma forma de radiação eletromagnética de natureza semelhante à da luz), que atravessa o corpo do paciente e é absorvido por um filme fotográfico ou por um detector eletrônico e processado por um computador (radiografia digital – figura 1). O feixe tem maior dificuldade em atravessar as estruturas mais densas do nosso corpo, como os ossos, que, por esse motivo, aparecem “mais brancos” no filme da radiografia. O contrário acontece com os tecidos moles, que são facilmente atravessados e aparecem “mais escuros” (exemplo: pulmões).
Como?
Ao paciente, será solicitado retirar peças de roupa, joias, grampos, óculos, aparelhos auditivos ou outros objetos de metal que possam interferir no procedimento. O técnico posiciona o paciente de acordo com a área a ser avaliada e solicita que não se movimente.
Quando?
Na Onco-Hematologia é normalmente indicado na pesquisa de lesões ósseas, por exemplo na avaliação de mieloma múltiplo ou de plasmocitoma (figura 2).
Atenção!
O exame não é indicado para mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez.
Tomografia Computadorizada (CT):
O que é:
O princípio de imagem é bem parecido com o da radiografia: utiliza a emissão de um feixe de raios X, o qual atravessa o corpo do paciente. Porém, ao invés de serem absorvidas por um filme fotográfico, as imagens são processadas por um computador e são reconstruídas em diversos planos de corte, possibilitando a visualização das imagens em “fatias” bem finas e em várias posições. Da mesma forma a diferente densidade dos tecidos é traduzida pelo grau de dificuldade do feixe de raios X em atravessá-los (ex: novamente, ossos “mais brancos” e pulmões “mais escuros”).
O equipamento é diferente: o paciente deita em uma maca, a qual se desloca dentro de um “túnel” aberto, onde o feixe é emitido por um tubo que gira. O exame costuma ser bem rápido e muito pouco desconfortável. Pode ser adquirido de lugares específicos, por exemplo CT do tórax ou do abdome ou do corpo inteiro (figura 3).
Como?
Alguns tipos de tomografia requerem preparo, fique atento às orientações de agendamento do local que você escolher para fazer o seu exame, por exemplo, jejum.
O exame pode ser realizado com ou sem contraste iodado na veia, injetado na hora do exame. A utilização do contraste iodado é muito importante para avaliação de algumas doenças e, embora exista a possibilidade de algumas reações, elas não são muito frequentes e, quando ocorrem, normalmente são leves. Além disso, a equipe deve estar apta a resolvê-las. Então, não se preocupe.
Importante ficar atento às solicitações do técnico que realizará o seu exame de não se movimentar e de respirar profundamente quando necessário.
Quando?
Na Onco-Hematologia é indicada em diversas situações (figura 4):
- Avaliação de linfomas (CT do pescoço, do tórax e do abdome total);
- Pesquisa de lesões ósseas e de partes moles, por exemplo, na avaliação de mieloma múltiplo ou de plasmocitoma (CT do corpo inteiro);
- Investigação direcionada de qualquer sintoma (ex: CT da coluna lombar quando o paciente refere dor nesse local).
Atenção!
Sempre informe à equipe se você já teve algum tipo de reação ao contraste, se tem algum tipo de alergia ou problemas respiratórios (ex: asma).
O exame não é indicado para mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez.
Ressonância Magnética (RM):
O que é:
Exame de imagem realizado em um equipamento semelhante ao da tomografia computadorizada, porém com um “túnel” comprido e mais fechado. Esse exame não utiliza a emissão de raios X, mas sim um campo magnético e a emissão de pulsos de radiofrequência. Essas ondas interagem com nosso corpo através dos núcleos de hidrogênio presentes em abundância, notadamente na água e no tecido adiposo, os quais absorvem e emitem energia das ondas de rádio quando expostos ao campo magnético do equipamento, o que é posteriormente transformado em imagem. As imagens são dispostas em “cortes” como a tomografia (figura 5).
Curiosidade:
O Tesla, unidade internacional utilizada para medir a densidade de fluxo magnético, ou seja, a “intensidade” do campo magnético, é muitas vezes utilizada para descrever um equipamento de ressonância (exemplo: “esse equipamento tem 3 Tesla”). Para entendermos a magnitude do campo criado pelo equipamento da ressonância magnética, o campo magnético do planeta Terra é de 0,3 micro Tesla ou 0,0000003 Tesla, isto é 107 mais “fraco” que o do equipamento de imagem.
Como?
O técnico solicitará que você retire todos os itens de metal (brincos, botões, zíper) e depois deite em uma maca. Como há muito barulho ao longo do exame, você receberá protetores auriculares, não se assuste, isso é normal. A parte do corpo a ser estudada é coberta por um dispositivo chamado bobina, que potencializa o efeito do campo magnético e melhora a qualidade da imagem. Em seguida, a cama desliza para dentro do túnel, e o paciente deve ficar parado até que o exame acabe para que as imagens não sejam prejudicadas. Há casos em que deve ser utilizado contraste intravenoso para realçar e facilitar a detecção das lesões.
Quando?
Na Onco-Hematologia é indicada em diversas situações (figura 6):
- Pesquisa de lesões ósseas e de partes moles, por exemplo, no diagnóstico e na avaliação de suspeita de recidiva do mieloma múltiplo ou de plasmocitoma (CT do corpo inteiro);
- Avaliação do envolvimento da coluna vertebral, canal medular e do encéfalo pelas diversas neoplasias dessa especialidade: linfomas, mieloma múltiplo, plasmocitoma;
- Avaliação da medular óssea no linfoma, leucemias e no mieloma múltiplo.
Atenção!
Fique muito atento às orientações do técnico e remova todos os objetos de metal – lembre-se que o campo magnético é muito forte! Se você é portador de marca-passo ou de outro dispositivo deve comunicar o serviço no momento do agendamento: algum ajuste pode ser necessário, inclusive a substituição por outro exame de imagem. Pacientes com tatuagens também devem se identificar, devido à possibilidade da presença de ferro em algumas tintas. Por fim, pessoas com claustrofobia (medo de lugares fechados) ou com problemas de saúde que impeçam a imobilização temporária também devem se identificar. Nesses casos, pode ser necessário submeter-se ao exame com sedação / anestesia.
PET-CT:
O que é:
Equipamento de imagem que une a informação da tomografia computadorizada, que utiliza a emissão de raios X, à da tomografia por emissão de pósitrons (PET), que utiliza a emissão de fótons gama emitidos por um fármaco que contém uma pequena quantidade de radiação e é administrado na veia do paciente. O radiofármaco mais utilizado na rotina da Onco-Hematologia é a Fluordeoxiglicose (FDG), molécula muito parecida com a glicose e que segue parte da sua cadeia metabólica. O princípio da imagem se baseia no fato de que as lesões neoplásicas em atividade consomem mais glicose que o tecido normal. O equipamento é muito parecido com o da tomografia computadorizada (figura 7).
Como?
Nesse exame o paciente precisa fazer um preparo que consiste numa dieta pobre em carboidratos com início no dia anterior ao do exame, devido à semelhança da glicose com a molécula injetada, e jejum de 4-6 horas no dia do exame. Após a injeção, o paciente deve ficar em repouso por 1 hora e depois disso as imagens são realizadas e duram, em média, 20-30 minutos, dependendo do equipamento e da extensão da área avaliada. Após a aquisição das imagens, o médico nuclear as analisa e verifica se há necessidade de se realizar complementos.
Quando?
O PET-CT é um exame extremamente sensível e amplamente utilizado em pacientes com linfomas, mieloma múltiplo / plasmocitoma e leucemias, nos mais diversos cenários:
- Diagnóstico;
- Estadiamento (figura 8);
- Avaliação de reposta ao tratamento (figura 9);
- Seguimento;
- Avaliação de suspeita de recidiva.
Atenção!
O exame não é indicado para mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez.
Alguns serviços utilizam meio de contraste iodado intravenoso, portanto, sempre informe à equipe se você já teve algum tipo de reação ao contraste, se tem algum tipo de alergia ou problemas respiratórios (ex: asma).
Parabéns pelo artigo.
Bastante didático, prático e compreensível.
De grande valia para os pacientes.
Muito obrigado pelo carinho, Rogério!
Meu exame deu 315.000 de plaquetas o resultado e bom ou ruim?
Juliana, a quantidade de plaquetas considerada normal é de 150 mil a 400 mil por microlitro de sangue. Então o seu exame, fazendo uma leitura bem simplista, está dentro da normalidade. Mas é muito importante que você converse com seu médico a respeito ok? Como ele é quem te acompanha de perto, saberá lhe explicar melhor a situação.
Informações muito esclarecedoras de sintomas e tratamento, e dos recursos utilizados para investigar a doença.
Muito obrigado pelo carinho, Antonia!