No mês de conscientização sobre a saúde masculina, destacamos aqui os principais cuidados Os cânceres hematológicos, como linfoma, leucemias e…
Posso parar de tomar meu inibidor da tirosina quinase?
Estudos mostram resultados promissores na descontinuidade do tratamento para LMC
Os tratamentos para a leucemia mieloide crônica (LMC) chegaram ao Brasil há mais de 20 anos e representam uma revolução na ciência. Afinal, com apenas alguns comprimidos é possível controlar este tipo de câncer, possibilitando desfechos clínicos muito positivos. Porém, pacientes antigos – e os mais recentes também – começam a se perguntar: posso parar de tomar meu inibidor da tirosina quinase?
Assim como qualquer medicamento, o Imatinibe, Nilotinibe e Dasatinibe podem apresentar efeitos colaterais importantes, como dores de cabeça, cansaço, irritações na pele, dores ósseas e outros. Para as mulheres, a gestação também é um ponto. Isso porquê, durante o uso dos inibidores da tirisina quinase, a gravidez fica proibida, para não causar nenhum problema ao feto.
São vários os sentimentos que podem ser despertados no paciente com LMC – de um lado, ele consegue ter excelentes resultados ao realizar o tratamento e, muitas vezes, nem parece conviver com um câncer. Mas do outro, justamente o uso destes medicamentos faz com que ele se lembre que convive com uma doença e que, não necessariamente, está tão livre assim.
Mas descontinuidade do tratamento pode, sim, ser uma opção.
Quando interromper o uso do Imatinibe
Estudos em todo o mundo vem demonstrando resultados importantes. Um deles é o Stop Imatinibe, realizado na França, e que já apresenta 45% dos pacientes participantes sem medicamentos há mais de 5 anos. Na Austrália, a pesquisa Twistter também apresenta resultados semelhantes, assim como o EURO-SKI (European Stop Kinase Inhibitor). Os resultados de todos eles são bem animadores, porque os pacientes não voltaram a apresentar LMC ativa nos exames
Mas é importante colocar aqui que há critérios a serem seguidos para a participação nestes estudos. No Stop Imatinibe, por exemplo, o paciente precisou apresentar PCR indetectável, com resposta molecular pelo menos de 5,0, por 2 anos.
Nilotinibe e Dasatinibe também podem ser interrompidos
Recentemente, novos estudos também estão analisando a possibilidade da suspensão dos inibidores da tirosina quinase de segunda geração, usados em primeira linha, o Nilotinibe e Dasatinibe. Os critérios são os mesmos, ou seja, o paciente precisa apresentar uma resposta molecular profunda.
O estudo N Stop mostra que o paciente usando o Nilotinibe em segunda linha, por mais de 3 anos, e apresentando uma resposta molecular de 4,5, durante 1 ano seguido, é capaz de suspender a medicação. Como resposta a esta pesquisa é que, ao longo de 36 meses, cerca de 58% dos pacientes que interromperam a droga continuam com a resposta molecular 4,5.
Outro ponto importante analisado é que os pacientes que perderam a resposta molecular neste tempo, apresentaram a possibilidade de voltar a tomar o medicamento, sem prejudicar os resultados alcançados anteriormente (93% dos pesquisados).
Já o LAST (Life After Stpo TKIs), um estudo multicêntrico realizado nos Estados Unidos com 173 pacientes que tomavam Imatinibe, Dasatinibe, Nilotinibe ou Bosutinibe, e que atingiram resposta molecular 4.0 por 2 anos, mostrou que 61% permaneceram sem precisar retornar ao uso dos medicamentos. Além disso, 80% tiveram uma melhor clínica significativa, por não apresentar mais os efeitos colaterais.
E no Brasil?
Os estudos também acontecem por aqui, em centros de tratamentos especializados na Onco-Hematologia. Os resultados também vêm se mostrando muito positivos.
Agora, muita calma nessa hora! Embora os estudos apresentem desfechos animadores, como a palavra já bem diz, são estudos. O que isso quer dizer? Bem, que você não pode simplesmente acordar um dia e pensar “hoje, não vou mais tomar meu medicamento”.
Para começar, a suspensão do tratamento só será possível se o paciente tiver uma adesão correta nos anos iniciais. Outro ponto é que essa suspensão precisa ser monitorada pela equipe médica e feita, APENAS, dentro de uma pesquisa clínica, acompanhada por seu especialista.
Também é essencial que o PCR possa ser feito mensalmente. Se isso não for possível, então suspender o uso do medicamento está fora de cogitação.
E caso o paciente que suspendeu seu inibidor (com acompanhamento médico!) deixe de apresentar resposta molecular, ele precisará voltar ao tratamento imediatamente.
Para que servem os inibidores da tirosina quinase
As células da LMC apresentam um defeito genético chamado de BCR-ABL. Este gene acaba por produzir uma proteína de mesmo nome, responsável por fazer as células cancerígenas crescerem e se replicarem de forma anormal. A BCR-ABL é classificada como um tipo de proteína da tirosina quinase.
Então, estes tipos de terapias-alvo visam inibir esta proteína, possibilitando que a LMC não tenha o seu desenvolvimento.
Atualmente, no Brasil, estão disponíveis quatro inibidores da tirosina quinase: Imatinibe, Nilotinibe, Dasatinibe e Ponatinibe.
Medicamentos em falta
Pacientes atendidos pelo SUS estão reclamando a falta de medicamentos nos hospitais em que realizam o tratamento. Recentemente, o Dr. Breno Gusmão deu entrevista ao Fala Brasil, da TV Record, sobre o tema. Veja a matéria aqui.
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