No mês de conscientização sobre a saúde masculina, destacamos aqui os principais cuidados Os cânceres hematológicos, como linfoma, leucemias e…
Anticorpos biespecíficos contra o câncer do sangue
Essa nova classe de medicamentos vem revolucionando o tratamento oncológico em todo o mundo
O futuro é agora – nenhuma frase define tão bem a Oncologia quanto esta. Os avanços no tratamento são inúmeros e novas modalidades de medicamentos chegam a todo momento. Dentre elas estão os anticorpos biespecíficos contra o câncer do sangue, que vem trazendo bons resultados e esperança aos pacientes com linfomas, leucemias e mieloma múltiplo.
Entenda os anticorpos monoclonais
Antes de chegarmos aos anticorpos biespecíficos é muito importante ficarmos todo na mesma página quanto ao entendimento dos anticorpos monoclonais.
Segundo definição da Fiocruz, anticorpos são proteínas produzidas em nosso organismo que ajudam o sistema imunológico a combater vírus, bactérias e até mesmo o câncer, por meio do reconhecimento de antígenos. Já os anticorpos monoclonais são desenvolvidos em laboratório, a partir de técnicas de biotecnologia, e aplicados como terapia no combate a diversos tipos de câncer.
O tratamento com anticorpos monoclonais também é conhecido como imunoterapia.
Tipos de anticorpos monoclonais
Dentre os principais estão:
- Anticorpos monoclonais recombinantes – São os mais comuns e têm por objetivo atacar especificamente uma proteína que esteja presente nas células doentes. Dentre os exemplos estão o Rituximabe, já utilizado no Brasil para o tratamento do linfoma não-Hodgkin e leucemia linfoide crônica, por exemplo.
- Anticorpos monoclonais conjugados – Estes medicamentos são preparados para transportar substâncias, como os quimioterápicos, para que ataquem proteínas específicas presentes nas células tumorais. O Brentuximabe é parte desta categoria, e hoje vem sendo usado no país para combater o linfoma de Hodgkin, linfoma anaplásico de grandes células sistêmico ou linfomas T CD30 positivo.
- Anticorpos monoclonais biespecíficos – Estes medicamentos possuem dois anticorpos diferentes. Ou seja, eles são feitos a partir de partes de dois anticorpos monoclonais distintos, que podem se conectar a dois antígenos ao mesmo tempo, por um lado reconhecendo a célula tumoral e por outro lado se ligando aos linfócitos, o que estimula o sistema imune para juntos atacarem a doença.
Anticorpos monoclonais biespecíficos para leucemia, linfoma e mieloma
Esta nova classe de medicamentos vem revolucionando os desfechos clínicos para diferentes tipos de cânceres hematológicos.
O Blinatumomab é um anticorpo monoclonal biespecífico usado para tratar a leucemia linfoblástica aguda, em pacientes que apresentam a proteína CD19 (presente em algumas células da leucemia) e CD3 (encontradas nas células T, de defesa). Ao se conectar a ambas, o tratamento faz com que as células doentes se encontrem com as células de defesa, permitindo o ataque às células doentes.
Para os linfomas, diferentes modalidades estão em estudo. Dentre elas o Mosunetuzumabe, usado no tratamento para linfoma folicular recidivante. Este é um anticorpo biespecífico CD20XCD3, que envolve e redireciona as células T para eliminar as células B malignas positivas para a proteína CD20.
Já no tratamento do mieloma múltiplo, o Teclistamabe e Elranatabe tem como alvo receptores CD3 e os antígenos de maturação de células B (BCMA). Talquetamabe tem como alvo receptores CD3 e a proteína GPRC5D. Eles estão em fases avançadas de pesquisa, com resultados promissores e esperamos que em breve estejam disponíveis.
Estes anticorpos biespecíficos estão chegando num cenário importante, competindo, inclusive, com o CAR-T devido a alguns fatores: maior capacidade de produção, armazenamento nos centros e com isso rápida disponibilidade em doenças mais agressivas e menor necessidade de infraestrutura dos centros de infusão.
Importante! Esta nova classe de medicamentos tem indicações bastante específicas, que precisam ser indicadas de maneira individualizada, a depender do caso do paciente. Apenas o médico onco-hematologista é quem saberá qual a melhor opção a ser usada.
Leia também a matéria sobre aprovação de CAR-T Cell para mieloma múltiplo no Brasil, clicando aqui:
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